me reorganizo… e isso é uma constante para mim.
não seria nada novo se eu olhasse para trás e visse por quantas vezes precisei tomar essa ação na vida, como necessária adequação a um contexto.
um readaptar que normalmente segue uma mudança no cotidiano ou nas relações.
a diferença neste momento é o sentimento que me acompanha. pouco a pouco, a medida que tomo mais consciência do que esse reorganizar significa, tenho parado de me preocupar com isso.
já teve a sensação de estar correndo atrás daquilo que deveria ser?
eu sim, por tempo demais uma idéia de atraso ou de inadequação me perseguiu enquanto as coisas mudavam. e talvez, para mim, tenha sido mesmo preciso vivenciar mudanças o bastante para sentir pela própria experiência o que apenas parecia óbvio como abstração: que tudo muda o tempo todo.
foi sentindo esse movimento das mudanças, que me dei conta que os reajustes, tanto quanto as inadequações, fazem parte de nossa natureza. velhos formatos estão no passado.
então me pergunto por que isso deveria ser motivo para ansiedade ou preocupação?
tenho para mim que quanto mais nos sensibilizamos do fato de que as coisas mudam o tempo todo, mais a falsa idéia de que vivemos em meios e relações lineares cai por terra.
já reparou como costumamos pensar as nossas vivências de forma linear, como se o propósito fosse atingir algum objetivo? como em uma viagem a um lugar que ainda não conhecemos, muitas vezes damos mais importância a visitar um ponto turístico característico, do que ao simples andar pelas ruas percebendo o novo e imprevisto da dinâmica do ambiente pelo caminho.
esse é apenas um exemplo de como muitas vezes mecanizamos nossas experiências, repare como essa forma de pensar, em que a interrelação, a complexidade e os fluxos de mudança não são considerados, está em todo o nosso cotidiano.
seria mais apropriado pensar em nossos contextos como quem pensa a dinâmica de um organismo vivo, onde ajustes são feitos a todo momento, onde há afetação.
para isso é preciso abraçar a idéia do desconhecido com curiosidade e nos deixar afetar pelo que chega, sem nos apegarmos demais às idéias pré concebidas. isso é presença.
exercitando essa qualidade de presença, abrimos espaço para a possibilidade de encantamento, surpresa ou desilusão entrarem em cena, nos afetando com o que a experiência nos traz naquele momento. para que, assim afetados, possamos nos ajustar, nos reinventar e seguir.